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Mostrando postagens de junho, 2017

Crítica: Recanto: Outro tempo, outro nível, outra história...

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“Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista, o tempo não pára e no entanto ele nunca envelhece”. Quem esteve domingo no Parque da Juventude em São Paulo,  na estreia do show Recanto, de Gal Gosta, se emocionou (muito) ao ver a cantora, 65 anos proferir essa frase. Muitos aplaudiram. A cantora estava  com sua banda formada por jovens bacanas, cantando lindamente, improvisando passos de funk , flertando com a música eletrônica e mostrando que sim, tem artista que nunca envelhece. “A vida é amiga da arte”. Ouvir a própria Gal cantando aquilo ( parece que ela nunca cantou tão bem) foi de fazer chorar. Eu chorei. Voltamos para casa felizes. Pensando que é, sim, possível envelhecer e continuar “jovem” de alma. “Quando eu crescer, quero envelhecer como os tropicalistas”, falávamos.  Domingo no parque. Todo mundo feliz e emocionado. O tempo não é, como nos dizem o tempo todo em propagandas de creme “anti-age”, um senhor malvado. Gal mostra isso no disco. E na a

Crítica: Recanto - Com licença, meu nome é Gal!

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Sobre Gal, eu já queria ter falado aqui mesmo no blog desde o final do ano passado. Afinal, é desde essa época que o refrão infinito de “Neguinho” se instalou na minha cabeça como um daqueles zumbidos que músicos de idade avançada reclamam que não sai de seus ouvidos. Porém, ao contrário de causar desconforto, a batida mínima com a voz máxima de Gal repetindo “Rei, rei, neguinho é rei” é um oásis tranquilizador para onde minha atenção vaga quando sente a falta de alguma música. Essa, claro, é apenas uma das faixas inacreditavelmente frescas de “Recanto” – seu primeiro álbum em seis anos. Eu queria ter escrito sobre ele logo em seguida de seu lançamento – mas acabei perdendo o bonde… Porém, encontrei um novo gancho quando, há poucos dias, fui conferir seu “pocket show”, no Rio de Janeiro. Acho que a última vez em que eu havia visto Gal no palco era num daqueles esquemas de grandes casas de show. A artista que vi entrar no pequeno espaço de uma nova casa no Rio nã

Crítica: Recanto - Para não esquecer

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“Recanto” poderia ser o novo disco de Caetano Veloso, a diferença está na voz. A grande voz de Gal Costa. Essa cantora, que no início de sua carreira esteve ao lado de visionários que elevaram sua garganta privilegiada ao posto supremo da música brasileira e que anos mais tarde, já dona de suas escolhas, comprometeu seu passado de glória com breguices e repetições, está de volta ao lugar de onde nunca deveria ter saído: a casa das mais belas, transgressoras e sofisticadas canções. Meu coração oscila e palpita quando ouço Gal Costa. Tem dias que sinto vergonha de tanta paixão. Tem horas que tenho vontade de apagar o meu HD e ficar somente com sua discografia essencial. No momento em que escrevo esse texto estou na segunda alternativa. Quem pode alcançar notas tão agudas sem ferir ouvidos mais atentos ? Quem consegue se manter musa intocável durante todos esses anos e ser a referência principal de Marisas, Marinas, Robertas e  Vanessas ? Somente Gal. Para sempr