Crítica: Recanto: Outro tempo, outro nível, outra história...
“Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista, o tempo não pára e
no entanto ele nunca envelhece”. Quem esteve domingo no Parque da
Juventude em São Paulo, na estreia do show Recanto, de Gal Gosta, se
emocionou (muito) ao ver a cantora, 65 anos proferir essa frase. Muitos
aplaudiram. A cantora estava com sua banda formada por jovens bacanas,
cantando lindamente, improvisando passos de funk , flertando com a
música eletrônica e mostrando que sim, tem artista que nunca envelhece.
“A vida é amiga da arte”. Ouvir a própria Gal cantando aquilo ( parece
que ela nunca cantou tão bem) foi de fazer chorar. Eu chorei.
Voltamos para casa felizes. Pensando que é, sim, possível envelhecer e
continuar “jovem” de alma. “Quando eu crescer, quero envelhecer como os
tropicalistas”, falávamos. Domingo no parque. Todo mundo feliz e
emocionado. O tempo não é, como nos dizem o tempo todo em propagandas de
creme “anti-age”, um senhor malvado. Gal mostra isso no disco. E na
apresentação. Tempo, tempo, tempo.
O show reúne o repertório do disco “Recanto”, o de músicas novas de
Caetano Veloso para Gal, e clássicos como “Baby” e “Vapor Barato”. O
tempo passou para Gal. Mas a artista (no entanto) não envelheceu. Por
isso voltamos para casa contentes. Sim, isso é possível! Mas não é para
qualquer um.
Atenção: não envelhecer não é ser turbinada. Não é parecer ter 19
anos. Não é ser trabalhada no photoshop. Nada disso. Estamos falando
aqui de outro tempo. Outro nível. Outra história. As celebridades (e os
anônimos que se entopem de botox) para parecer “dez anos mais jovens”
poderiam tentar aprender com a Gal. Mas será que eles conseguem?
Difícil. Isso não é coisa que se compre ou se conquiste em um programa
miraculoso de televisão, não. Fato. Gal consegue. E Caetano,
idealizador do projeto, também.
Envelhecer bem e sem artíficios,é isto aí.
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