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Mostrando postagens de março, 2017

Show "Cantar": Saudade Fora de Hora

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Custou, mas aconteceu. O novo espetáculo de Gal Costa decreta o fim da bossa nova. Não que as músicas do show sejam do começo dos anos 60. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, por exemplo, alguns dos eleitos, surgiram depois. Outros compositores selecionados, como Ari Barroso e Marino Pinto , precederam o movimento. Todos eles, porém foram envolvidos nesse show, em arranjos rigidamente acadêmicos dentro do estilo iniciado por João Gilberto. E esse inconveniente (e recente demais) saudosismo acabou por conferir à apresentação da cantora uma indisfarçável desatualização. O responsável por essa extemporânea ressurreição parece ser João Donato, pianista e diretor musical do espetáculo. Um dos fundadores da bossa nova, Donato voltou ao Brasil, no ano passado, depois de treze anos de permanência nos Estados Unidos. Durante sua ausência, terminou o período róseo e otimista que gerou o movimento ocupado em cantar singelezas da natureza e do amor. Em 1974, parece sem sentido

Disco: Aquarela do Brasil: A Senhora Gal

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Gal faz disco que não supera show Foi duro chegar lá, e por enquanto, aos 35 anos , Gal Costa não quer arriscar nada. Por isso esse disco que lança, por força do contrato com a Polygram, "Aquarela do Brasil" , foi cuidadosamente preparado para brilhar apenas discretamente e não prejudicar a carreira do show "Gal Tropical" , que já dura dois anos e o produtor Guilherme Araújo espera prolongar até 1981. Fantasiada como uma rumbeira vermelha desenhada por Guilherme Guimarães e cantando "Índia" e "Força Estranha", Gal já esteve no Japão, em Montreux, Campinas e Belo Horizonte com o show e ainda há centenas de cidades brasileiras juntando os 400 000 cruzeiros que ela cobra para cruzar o palco em correria desvairada ao som da marchinha "Balancê" de João de Barro. O trabalho é grande e Gal precisa terminar sua casa na Barra da Tijuca e pagar três sessões semanais do analista. Orgulhosa, quer mostrar ao maior número possível

Disco: Baby Gal: Uma cor forte no reino das gatas pardas

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O que faz uma grande dama da canção? Uma vida de laceramentos talhados na voz em farpas, tal Billie Holiday? Certa nobreza proletária nos erros e cadência de Elizeth Cardoso? Uma grande naturalidade para flexionar o instrumento corporal segundo o ritmo e a harmonia, como Sarah Vaughan, Betty Carter ou Ella Fitzgerald? Quem sabe a impetuosidade aliada à técnica, capazes ambas de assaltar auditórios ou pregar manhãs libertárias como Elis Regina? A verdade é que a canção e suas matriarcas (exceções de Nana Caymmi e da ala tradicional, abençoada pro Clementina de Jesus, com o estandarte de Clara bem conduzido ainda por Beth Carvalho) andam barateadas pelo desenfreado imediatismo. Ninguém está afim de escavar e polir ganga bruta como a turbulenta Elis fez com Ivan Lins, João Bosco, Tim Maia, Renato Teixeira, Belchior, Milton Nascimento e mesmo, nos primórdios, Gil e Caetano. Todo mundo quer comprar feito. Bateu, valeu. De preferência, boleros e baladas que não perturbem a audição

Crítica: Gal Canta Tom Jobim ao Vivo

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O jogo já começa ganho. Gal Costa, a mais versátil e bem aparelhada cantora à bordo da obra de um dos maiores compositores da MPB, T om Jobim , acompanhada por um grupo de músicos de primeira, li d erados pelo pianista Cristovão Bastos. Gravado em setembro de 1999, no Palace de São Paulo, sob a direção de Jodelle Larcher e produção musical de Mazzola, este DVD de aproximadamente 80 minutos explora pouco os recursos da nova tecnologia. Há apenas uma curta entrevista com a cantora, sua discografia, opções de áudio (Dolby Digital ou PCM Estéreo) e legendas em português, inglês e espanhol, além da sequência do set list. O DVD destila uma postura de recital onde Gal desfia 23 músicas de Jobim sozinho ou com os parceiros Newton Mendonça, Dolores Duran, Vinicius de Moraes, Chico Buarque e Ray Gilbert. "Fotografia" abre os trabalhos em sua delicadeza confidente que conduz aos machucados amorosos de "Por Causa de Você" , ambiente típico da romântica Dolores Duran. Pra

Disco: Aquele Frevo Axé - O melhor da cantora desde "Plural", de 1990

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"Aquele Frevo Axé" coloca de novo Gal Costa na linha de mira até dos fãs que se desinteressaram por seus últimos discos. Desde "Plural", de 1990, a cantora não fazia um trabalho que provocasse muito alvoroço por falta de novidades. "Gal" trazia o repertório do show "Plural" que não estava no disco anterior. "O Sorriso do Gato de Alice" reunia canções de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor e Djavan, que sempre povoaram seus discos. "Mina D'Água do Meu Canto" se dividia entre Caetano e Chico Buarque, compositores que ela gravou a vida toda. "Acústico" era uma retrospectiva de sua carreira, no formado que sempre a caracterizou. Não que ela tenha abandonado seus prediletos (e Celso Fonseca é um deles), mas a mudança de produtor fez bem a cantora. Entre erros e acertos, ela trabalhou nos últimos discos com Wally Salomão e Léo Gandelman, Arto Lidsay, Jaques Morelembaum e duas vezes com Mazzol

Disco: "Hoje|" - O tempo de Gal

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  Foto: Fernanda Cardoso Gal Costa completa 60 anos em 26 de setembro sem sentir o peso da idade. A leveza está confirmada em seu novo CD, Hoje , nas lojas na segunda-feira, 5. "Não me sinto com 60 anos e o disco é uma prova disso. Eu me sinto começando, estou sempre recomeçando", avalia a cantora. or Fernanda Cardoso no est ú dio da Trama). De fato, Hoje significa uma lufada de ar fresco na trajetória de uma cantora que já foi legal, fatal e tropical. É o primeiro disco de Gal na gravadora independente Trama e traz repertório inédito formado basicamente por músicas de compositores que vivem à margem do mercado (Nuno Ramos, Clima, Tito Bahiense, Moisés Santana, Junio Barreto, Péri, Hilton Haw). Além do repertório renovado, Hoje marca o encontro da cantora com César Camargo Mariano, produtor do disco e mentor da sonoridade atual, gravada com músicos jovens recrutados entre os colaboradores fixos dos álbuns editados pela Trama. "Por incrível que pareça,