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Mallu Magalhães agradece em texto a Gal Costa por gravação de sua música

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" GAL Será preciso muito mais do que os dias que demorei para escrever sobre o tamanho do presente que ganhei. Ainda lembro e ainda guardo a colagem que fiz da primeira vez que escutei Gal cantar, na entrada da minha adolescência, numa fileira de música brasileira nas lojas de CD. Persegui livros que a mencionassem, tirei cópia, depois recortei e colei. Várias fotos dela: uma pequena bandeira, um retrato da heroína, um brasão com os rostos da rainha. Desde então, sou seu soldado. Seu canto virou hino do povoado que é minha existência. Mas hoje, por dentro, um imenso banho sem precedentes na minha alma e todos seus frutos. Por fora, minha pele se nutriu e meu cansaço curou. Isso sem falar do que ela fez da minha música. Assumo, a partir de hoje, o compromisso de fazer apenas grandes canções, para honrar com o posto de compositora gravada pela Gal. Se ela tinha meu sangue, espada e coração, agora tem também meu sorriso amolecido, mandando cair lágrimas doces e colo

Pequeno texto de Ronaldo Bastos para o programa do show "Gal In Concert"

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Sou de uma época que Tudo era Gal. Antes de conhecer a pessoa, muito do que é Gal, se filtrava através da luz solar e cristalina que é a voz de Gal; em "Domingo" com Caetano, no primeiro disco solo, palavra por palavra, em Londres com Antonio e Paulo Jobim; Gal no trem azul pelo mundo afora: "Ela já não é mais a minha pequena, que pena, que pena". Os anos 70 não existiriam sem as dunas do barato de Gal. Só quem ouvia a modernidade chegar na cartarse da voz de Gal em "Divino Maravilhoso, viveu. Quem não ouviu "Gal canta Caymmi", não viveu. Hoje em dia entre tantas pessoas que me fazem falta, tenho o privilégio da pessoa bonita, tranquila, gostosa e simples da minha amiga Gal Costa. Ronaldo Bastos - Rio de Janeiro - 1987

Revista: A Estrela Nua

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Gal só me surpreendeu uma vez: quando a conheci e a ouvi cantar. Foi uma surpresa tão grande e tão profunda que ainda hoje vivo sob o seu impacto. Na hora eu pensei: "A maior cantora do Brasil". Dai em diante foi só acompanhar os modos com que essa constatação procurou se confirmar. Primeiro  era a possibilidade de realização da cantora de bossa nova ideal, com a combinação exata da emissão e feeling que eu não encontrava em nenhuma outra (virtude ainda hoje intacta, a chuva de prata da sua voz cobrindo o País). Depois a realização do rock carnaval tropicalista que a tornou estrela. Para mim, sempre mais cantora do que estrela, embora esse estrelato tenha sido quase sempre uma exteriorização do brilho de sua personalidade que antes só se revelava (e ocultava) no canto. Ouvi-la e, talvez principalmente, vê-la cantar "Força Estranha" foi, para mim, tomar contato com um momento de integração equilibrada entre as três dimensões - pessoa, estrela, cantora. Vê-la c

Texto de Caetano Veloso - Flor do Cerrado - 1982

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Quando conheci Gal (através de Dedé), em 1964, disse a ela que a considerava a maior cantora do Brasil. Nunca mudei de opinião, embora tenha deixado de pensar em quem é a maior. O que importa é que Gal porta o espírito do som. Não se trata de afinação precisa (Jane Duboc), nem do domínio musical (Elis Regina), nem de potência expressiva (Maria Behânia); quando se trata de Gal Costa, o assunto e qualidade musical da qualidade do som. Tal pessoa assim, misteriosamente abençoada teria de fazer presença marcante e até mesmo escandalosa no ambiente que por destino a acolhesse. assim é, que no Brasil, Gal virou sinônimo de modernidade, apelido de acidente geográfico, repositório de esperanças, belo demônio ameaçador. "As Dunas do Barato" eram da Gal, a coragem sensual, a embriagues, a expectativa de uma liderança, a essência da grandeza de Gal. Tudo isso, para mim, foram apenas modos mais ou menos desajeitados de as pessoas (e, por vezes, ela própria) entrarem na grandeza da

Personalidade - 1989

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Meu vento doce. Foi assim que uma criança, certa vez, definiu a voz de Maria das Graças Penna Costa Burgos, baiana, verdadeira bênção para quem a conhece. Um dia, porém, anunciou aos quatro ventos: " Meu Nome é Gal ". Mas já havia incendiado os Festivais da Record com seu talento - não a esqueço com roupas de pedaços de espelhos, muitas cores, cabelos encaracolados, entrando no restaurante paulista Patachu, em plena Rua Augusta, depois de ter cantado " Divino Maravilhoso ", provocando espanto em algumas senhoras. Ou quando saía da Avenida São Luiz, onde morava, indo a pé até o Teatro de Arena, passando pela Ipiranga, depois do cruzamento com a São João, aquela avenida corcunda, para fazer seu primeiro show, onde também tocava guitarra, não dispensava a iluminação de Antonio Peticov, hoje consagrado artista plástico. Um grande sucesso. E depois, com o exílio forçado de Caetano e Gil, transformou-se na porta-voz mais importante da música daqueles anos de repressã

Personalidade - 1987

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A voz é de um cristal matutino. Seu nome é Gal. Uma cinderela balconista de discos em Salvador, que ouviu nos sussurros nobres de João Gilberto a profecia que seria  a maior cantora do país. A mãe, ainda com ela na barriga, cantava embalando o projeto de gente para que fosse quem fosse, nascesse cantora. Hoje, tudo isso é lenda e parece mentira de ficcão preguiçosa. Mas a voz está aí, na embalagem deste disco, estalando de viva e pulsante. Maria das Graças Costa Penna Burgos não se tornou Gal Costa por acaso. Já estreou em disco (o avarandado Domingo de 67) dividindo os sulcos com o amigo Caetano Veloso, que não se achava suficiente cantor para um LP individual. Porta voz, Gal segurou o recado tropicalista na garganta que virou fera, felina, enquanto Gil e Caetano estavam banidos. A Gal do transformador " Baby ", aqui reprocessado para tecnopop, entoava a canção de exílio " London, London " num replay de gerações, agora pelo RPM. A Gal-Fatal , personagem