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Mostrando postagens com o rótulo Crítica

Disco: "Gal - Fa-Tal - A Todo Vapor" - Crítica de 1972

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Por Mauricio Krubusly* O lançamento de A Todo Vapo r, pode lembrar, por alguns aspectos, o de Tropicália - o que não quer dizer que os dois tenham igual importância dentro da música popular brasileira. Entre as várias semelhanças, os dois álbuns não se prendem a um determinado tipo de critério na escolha do repertório, e reunem músicas aparentemente irreconciliáveis. Em Tropicália , estavam lado a lado Vicente Celestino e Caetano Veloso, Nara Leão e Os Mutantes, a marcha rancho e o bolero, o inglês e o latim. Com Gal, convivem sem conflito Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira e Wali/Macalé, Roberto/Erasmo Carlos e o folclore baiano, Geraldo Pereira e Jorge Ben, isamel Silva e Caetano Veloso. Mais uma vez, essa reunião se torna importante, pois muitos voltam a dividir em compartimentos, até mesmo segundo o grau de brasilidade (?) - esquecidos das lições do movimento que se convencionou chamar de Tropicalismo. O repertório sem preconceitos dos dois LP's de Gal Costa adquire

Crítica: Show "Baby Gal" - Gal, delícias e delírios

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Foto: Rogério Carneiro Para Gal Costa, bastava ocupar o palco com um banquinho e um violão e deixar que o cristal que mora em sua garganta garantisse um bom programa. Mas ela costuma querer mais e, às vezes, como no desastrado "Fantasia" de dois anos trás, os enfeites que a acompanham só atrapalham. Agora, porém, ela se cercou de uma produção requintada - a direção geral é de Aloysio Legey e Walter Lacet, a mesma dupla dos musicais da Rede Globo - para realizar o melhor espetáculo de sua carreira. Mas profissional que o antológico "Gal a Todo Vapor" , mais maduro que o bem-sucedido "Gal Tropical" , este "Baby Gal" encanta por mostrar que a maior cantora do país ainda está em evolução. Mais bonita,mais magra e mais bem vestida do que em sua última aparição na TV, em especial da Globo, ano passado, Gal também está mais atriz que em seus shows anteriores. É assim que ela dá vida nova a canções que pareciam desgastada. A "Dora&q

Disco: "Gal Costa 1969" - Gal Costa quase divina, maravilhosa

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Data de 1967 o LP “Domingo”, reunindo Gal Costa e Caetano Veloso, feito à base de composições líricas deste: “Coração Vagabundo” , “Onde Eu Nasci Passa Um Rio” , “Avarandado” , “Um Dia” , etc. Após o domingo vem a segunda-feira, mas em termos de evolução foi como se tivesse havido um salto enorme no calendário musical de ambos. Gal retorna agora com um repertório inteiramente renovado, cuja tônica é o tropicalismo e o iê-iê-iê. Parece-nos ver daqui do alto destas páginas o franzir de quarenta mil narizes respeitáveis ao mero enunciado dessas duas palavras. Calma, senhores: nem tropicalismo nem iê-iê-iê mordem. A verdade é que não há gêneros nem escolas intrinsecamente maus; há obras boas ou más. O LP “Gal Costa” (a imaginação para dar um bom título não parece ser o forte de nossos diretores artísticos) abre esplendidamente com “Não Identificado” , onde Caetano Veloso desenvolve, com inteligência e originalidade, o tema de “uma canção para ela”, chegando a uma imagem que

Critica: Show "Lua de Mel" - Gal com diabinhos na voz

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Gal é sempre Gal. Esta afirmativa é imprescindível para quem se avizinhar da cantora baiana. Pois só ela mesma conseguiria transformar o pasteurizado em pérolas de interpretação. Se seu último disco não mostra novidades e traz arranjos repetitivos, seu show “Gal Costa”, que estreou na quinta-feira (28/1) no Scala II, depois de um adiamento e da ameaça de outros em virtude do incêndio que atingiu o andar de baixo da casa de espetáculos, esbanja sonoridade e ousadias vocais. Quase onze horas, quando em off Caetano Veloso puxou a amiga ao palco, afirmando que “no meio do lixo está o diamante”, contra a mesmice e a falta de inteligência. O Scala estava todo escuro e acendeu-se para a entrada de Gal, com os cabelos soltos, vestindo um jeans desbotado e uma mini-blusa de linho azul marinho, abotoada apenas na cintura e com um generoso decote. Ela entrou cantando “Quem Perguntou Por Mim” , de Milton Nascimento e Fernando Brant, que está no penúltimo LP, “Bem bom”, e logo emendou

Disco: "Gal 69" - "É um disco que se compra, se ouve, se guarda".

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Eu assistia, com Glauber Rocha, à exibição de “Terra em Transe”, em Cannes, 1967, quando perguntei a ele quem era a vocalista de determinada sequência. “É a Gracinha”, respondeu ele. E acrescentou: “É uma das maiores cantoras brasileiras”, Bem, se fosse verdade, ninguém sabia disso, pois Gracinha era uma jovem baiana, Maria da Graça. Só algum tempo mais tarde ela veio a se chamar Gal Costa e mostrar que Glauber tinha razão. Maria da Graça, Gracinha, Gal Costa – depois de Maria Bethânia, Caetano, Gil – começou a surgir em São Paulo (antes um LP gravado com Caetano), principalmente no programa de Roberto Carlos. Hoje todo mundo sabe quem é: uma das maiores cantoras brasileiras. Da garota tímida e provinciana, transformou-se na cantora agressiva, de cabelos grandes, uma das personalidades mais marcantes aparecidas nos meios musicais, nos últimos tempos. Mas no fundo, uma menina “de mentalidade mediana (...) não devo nada a ninguém/ pois eu sou feliz, muito feliz/ comigo mesm

Crítica: Show: Gal Tropical: "Seu Nome é Gal"

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Ainda. E agora, depois dos 30, muito melhor. Gal Costa não queria, mas fez 33 anos. Abandonou a rebeldia e o colar de espelho biseauté onde refletiu o rosto dos que a vaiaram em 1968, quando cantava "Divino Maravilhoso" , no festival da Record. Também não se deita mais no palco, simulando êxtase. Por uma última vez, no ano passado, no show "Com a Boca no Mundo" , ainda se apresentou de guitarra em punho e roupa de couro justíssima, como se acabasse de pular da motocicleta transviada de Marlon Brando em "O selvagem". Mas levou um tombo: fora de seu tempo, Gal era apenas uma triste nostálgica dos dias em que, aos gritos, libertou as cantoras brasileiras da rigidez técnica e dos bons modos em cena. Seja pelos 33 anos, seja pela psicanálise diária, a verdade mais evidente do atual show "GAL TROPICAL " (Teatro dos Quatro, Rio de Janeiro) é que a guerrilheira dos anos 60, a proclamar a criatividade e o poder dos jovens, con

Disco: Bem Bom - A grande dama da voz

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  foto: antonio ribeiro Com o ótimo "Bem Bom", Gal Costa reafirma seu talento em retratar o que há de novo na música brasileira.  Com a morte de Elis Regina, Gal Costa tornou-se, nos últimos quatro anos, a cantora numero 1 do país. Ela conquistou esse posto não apenas pela qualidade de sua voz ou das músicas que canta. Seu grande trunfo tem sido traçar, em discos anuais, fiéis retratos das mudanças ocorridas na música brasileira. Do frevo baiano, nos anos 80, ao jovem rock carioca, de Djavan a Marina, todos os movimentos e bons compositores que surgem são ano a ano são incorporados ao seu trabalho. Em "Bem Bom", seu novo LP, que chega às lojas nesta semana, Gal Costa, 40 anos, volta a exibir um painel do que vai pela MPB. Dessa vez, ela conseguiu outra façanha: gravar, num período recessivo da música, seu melhor disco dos anos 80. Em "Bem Bom" , Gal Costa quebra algumas regras que há anos seguia na escolha do seu repertório. A música nor

Crítica: Trinca de Ases: Emoção e surpresas dominam primeiro encontro de "Trinca de Ases"

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A guitarra de Gil solta alguns acordes até então inexpressivos. O tempo, entretanto, converte a modéstia do mestre numa força nunca vista antes. Gal, no centro dos holofotes, dispara o canto perfeito e afinado em direção a algo que nem ela mesma sabe definir. Nando dedilha seu violão e esboça um sorriso de contentamento. A felicidade de estar ao lado dos ídolos torna sua música voraz e impactante.  O que se viu na noite desta sexta-feira, 4, no Citibank Hall, na zona sul de São Paulo, foi a melhor combinação já vista ao vivo na história recente da música popular brasileira. O caleidoscópio sonoro de Gil, Gal e Nando encantou o público que lotou o local e viu de perto três ícones da MPB em alto nível. O destaque da performance do Trinca de Ases foi a homenagem ao cantor Luiz Melodia , que morreu nesta sexta, 4, vítima de câncer na medula. "Essa é uma homenagem a Luiz Melodia, que nos deixou hoje. Ele era um cara que eu amava demais. Ensaiamos a música nesta

Disco: Acústico MTV: A mais completa intérprete do país

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Considerando como de estreia o LP "Domingo" , dividido com Caetano Veloso, em 1967, Gal Costa comemora 30 anos de carreira no projeto "Acústico MTV" (BMG), constituído de vídeo, disco e uma sequência de shows que começa sexta-feira em Belo Horizonte. Trata-se de uma comemoração suntuosa, uma espécie de moldura de medalha, como a que já condecorou em projetos semelhantes Milton Nascimento e Caetano Veloso. Tanto no vídeo quanto na seleção do CD (que exclui alguns números importantes como "Vaca Profana" , "O Amor" e "Força Estranha" ), a cantora confirma o posto de mais completa interprete do país. Do protótipo pop ( "Baby" com entorno de sax e violinos) à balada rock ( "Não Identificado" ), passando pelo picotado samba choro ( "Teco Teco" ), e pelo samba sincopado ( "Falsa Baiana" ) ou o samba canção pré-bossa ( "Só Louco" ) nada escapa ao cristal vocal polidor de pérolas. Inc

Disco: Fa-tal: Só Gal ia dos cochichos de João Gilberto aos urros de Janis Joplin

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Em 1971, quando rolou o show "Vapor Barato ", transformado  num disco duplo gravado ao vivo no Teatro Tereza Raquel, no Rio, Gal Costa, mais que musa, era a estrela sobrevivente da saga tropicalista. Sob as botas do governo Médici (1969/1974), com os mentores do movimento, Caetano e Gil no exílio, a juventude antenada da época vivia entre a guerrilha e os vapores baratos que subiam dos charos acesos pela posição lisérgica do governo. Imantada por Gal, boa parte desta fatia viajante da galera se reunia (no Rio) num trecho da praia de Ipanema repleto de dunas, onde seria construido um emissário submarino de esgoto. Eram as "dunas do barato", ou como se dizia no baianês da época, "as dunas de Gal". Neste disco/show, além de segurar a barra tropicalista, Gal já rodava a baiana de maior cantora da MPB. Só ela ia dos cochichos de João Gilberto aos  urros de Janis Joplin sem trair a Dalva de Oliveira que mor ano sentimentalismo deste país de três raças

Show "Cantar": Saudade Fora de Hora

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Custou, mas aconteceu. O novo espetáculo de Gal Costa decreta o fim da bossa nova. Não que as músicas do show sejam do começo dos anos 60. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, por exemplo, alguns dos eleitos, surgiram depois. Outros compositores selecionados, como Ari Barroso e Marino Pinto , precederam o movimento. Todos eles, porém foram envolvidos nesse show, em arranjos rigidamente acadêmicos dentro do estilo iniciado por João Gilberto. E esse inconveniente (e recente demais) saudosismo acabou por conferir à apresentação da cantora uma indisfarçável desatualização. O responsável por essa extemporânea ressurreição parece ser João Donato, pianista e diretor musical do espetáculo. Um dos fundadores da bossa nova, Donato voltou ao Brasil, no ano passado, depois de treze anos de permanência nos Estados Unidos. Durante sua ausência, terminou o período róseo e otimista que gerou o movimento ocupado em cantar singelezas da natureza e do amor. Em 1974, parece sem sentido

Disco: Aquarela do Brasil: A Senhora Gal

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Gal faz disco que não supera show Foi duro chegar lá, e por enquanto, aos 35 anos , Gal Costa não quer arriscar nada. Por isso esse disco que lança, por força do contrato com a Polygram, "Aquarela do Brasil" , foi cuidadosamente preparado para brilhar apenas discretamente e não prejudicar a carreira do show "Gal Tropical" , que já dura dois anos e o produtor Guilherme Araújo espera prolongar até 1981. Fantasiada como uma rumbeira vermelha desenhada por Guilherme Guimarães e cantando "Índia" e "Força Estranha", Gal já esteve no Japão, em Montreux, Campinas e Belo Horizonte com o show e ainda há centenas de cidades brasileiras juntando os 400 000 cruzeiros que ela cobra para cruzar o palco em correria desvairada ao som da marchinha "Balancê" de João de Barro. O trabalho é grande e Gal precisa terminar sua casa na Barra da Tijuca e pagar três sessões semanais do analista. Orgulhosa, quer mostrar ao maior número possível

Disco: Baby Gal: Uma cor forte no reino das gatas pardas

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O que faz uma grande dama da canção? Uma vida de laceramentos talhados na voz em farpas, tal Billie Holiday? Certa nobreza proletária nos erros e cadência de Elizeth Cardoso? Uma grande naturalidade para flexionar o instrumento corporal segundo o ritmo e a harmonia, como Sarah Vaughan, Betty Carter ou Ella Fitzgerald? Quem sabe a impetuosidade aliada à técnica, capazes ambas de assaltar auditórios ou pregar manhãs libertárias como Elis Regina? A verdade é que a canção e suas matriarcas (exceções de Nana Caymmi e da ala tradicional, abençoada pro Clementina de Jesus, com o estandarte de Clara bem conduzido ainda por Beth Carvalho) andam barateadas pelo desenfreado imediatismo. Ninguém está afim de escavar e polir ganga bruta como a turbulenta Elis fez com Ivan Lins, João Bosco, Tim Maia, Renato Teixeira, Belchior, Milton Nascimento e mesmo, nos primórdios, Gil e Caetano. Todo mundo quer comprar feito. Bateu, valeu. De preferência, boleros e baladas que não perturbem a audição

Crítica: Gal Canta Tom Jobim ao Vivo

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O jogo já começa ganho. Gal Costa, a mais versátil e bem aparelhada cantora à bordo da obra de um dos maiores compositores da MPB, T om Jobim , acompanhada por um grupo de músicos de primeira, li d erados pelo pianista Cristovão Bastos. Gravado em setembro de 1999, no Palace de São Paulo, sob a direção de Jodelle Larcher e produção musical de Mazzola, este DVD de aproximadamente 80 minutos explora pouco os recursos da nova tecnologia. Há apenas uma curta entrevista com a cantora, sua discografia, opções de áudio (Dolby Digital ou PCM Estéreo) e legendas em português, inglês e espanhol, além da sequência do set list. O DVD destila uma postura de recital onde Gal desfia 23 músicas de Jobim sozinho ou com os parceiros Newton Mendonça, Dolores Duran, Vinicius de Moraes, Chico Buarque e Ray Gilbert. "Fotografia" abre os trabalhos em sua delicadeza confidente que conduz aos machucados amorosos de "Por Causa de Você" , ambiente típico da romântica Dolores Duran. Pra