A pele de Gal se renova em novos tons e cantar


Com lançamento previsto para o dia 28 de setembro, o álbum "A Pele do Futuro", de Gal Costa, chega ao mercado depois de 3 anos do lançamento de "Estratosférica", que renovou o repertório da cantora, trazendo para seu universo novos compositores como Marcelo Camello, Criolo, Mallu Magalhães e Arthur Nogueira, sem perder a ligação com Milton Nascimento, Caetano Veloso e João Donato, parceiros antigos, presentes em trabalhos anteriores da baiana.

Conduzida novamente por Marcus Preto, diretor artístico do álbum anterior e diretor dos shows "Espelho D"Água", "Ela Disse-me Assim - Canções de Lupicínio" e "Estratosférica", Gal avança mais um pouco, ao incorporar novos nomes em sua discografia. Produzido por Pupillo, músico da Nação Zumbi, e que já havia trabalho com a cantora no "Estratosférica", o álbum investe em sonoridade mais solar, do que seus dois últimos discos lançados. A atmosfera da dance music e dos anos 70, estão presentes em pelo menos duas faixas do álbum. "Sublime", de Dani Black, lançada como segundo single, vem embebida do ritmo disco e fez a cantora soltar novamente seus agudos, para delírios de seus fãs. A outra, "Cuidando de Longe", que leva a assinatura da compositora Marília Mendonça e parceiros, rainha da sofrência, surpreende ao trazer a leveza da era disco, evocando Glória Gaynor e Earth Wind Fire, dois ícones dos anos 70, em sua batida. 

O anúncio do nome da compositora, entre os selecionados para fazer parte do álbum, gerou certa polêmica entre os fãs e seguidores da cantora, que questionavam a qualidade musical e torciam o olhar para o gênero que a compositora defende.  Pelo que foi apresentado de forma rápida como teaser em seu instagram, a faixa tem tudo pra se tornar um grande hit na voz de Gal e sepultar de vez o descontentamento inicial, de quem não lembra, que Gal, com seu inquieto temperamento musical e tropicalista, já lapidou pérolas consideradas "bregas", em seu repertório, casos da guarânia "Índia", conhecida pela dupla Cascatinha e Inhama e do cafona bolero "Dez Anos", conhecida na voz de Emilinha Borba, só pra citar dois exemplos, que resnasceram no cristal da cantora.

O álbum também resgata três compositores, há muito ausentes de seus discos: Gilberto Gil, Djavan e Erasmo Carlos. O primeiro fez "Viagem Passageira", uma filosófica canção, de onde saiu o título do disco "A Pele do Futuro",  Djavan, compõs o samba "Dentro da Lei", com as quebradas de melodias, tão presentes em sua obra, e Erasmo Carlos, volta a presentar a cantora com "Abre Alas do Verão", em parceria com o rapper Emicida, inspirada no seu cantar.

Um dos momentos mais aguardados do álbum, é sem dúvida, o reencontro da cantora com Maria Bethânia, coisa que não acontecia desde os anos 90. Pela primeira vez, Gal convidou Bethânia, para cantar num disco seu e o motivo foi celebrar o amor e o carinho que ambas nutriam por suas mães, Dona Canô e Dona Mariah. A faixa "Minha Mãe", leva a assinatura de Jorge Mautner e César Lacerda, e deve comover os fãs das duas cantoras, que há tempos aguardam por esse dueto.

Abrindo o leque de novos nomes, Gal grava pela primeira vez Paulinho Moska, em "Cabelos e Unhas", em parceria com Breno Goés, grava também a revelação Tim Bernardes, autor de "Realmente Lindo", e finalmente, registra uma canção inédita de Adriana Calcanhotto "Livre do Amor".

Pop, samba, dance, clássica ou rock'n roll, Gal se reiventa mais uma vez, agora sob a ótica da alegria e da liberdade de poder ser ela e ser todas. Fatal, tropical, plural, essencial... A pele de Gal se renova em novos tons e cantar.

Comentários

  1. Ótima resenha,eu só acho que ''Índia'' e ''Dez Anos'' são clássicos do cancioneiro mais popular,enquanto Marília Mendonça está numa praia bem distante...

    ResponderExcluir
  2. ''Dez Anos'' é a melhor faixa daquele álbum da Gal,de 1979.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Gal Costa - Trilhas de Novelas - Anos 80

Revista: A Estrela Nua

Gal Costa - Trilhas de Novelas - Anos 2010/2020