Crítica: Espelho D'Água: Gal Costa, com a essência do tropicalismo

 Foto: P. Pidal / AFV
Show: Espelho d'Água
Gal Costa (Voz) Guilherme Monteiro (violões e guitarras)
Teatro Gran Rex (Argentina)
Opinião: Muito bom

Gal Costa tem uma força estranha. Pode cantar uma refinada bossa "Coração Vagabundo" e no momento seguinte, transformar-se e fazer experimentações em "Tuareg". As dobras de sua voz encarnam um dos mistérios da música popular brasileira. Gal é samba, pop, rock e é essencialmente tropicalista.

Em seu show "Espelho d'Água", que veio apresentar no Teatro Grand Rex, a artista reflete um impulso vital e incansável como interprete.

Com um repertório de vinte canções, que revê sua história, a cantora que cativou uma geração, encontra uma maneira diferente de se conectar com compositores como Caetano Veloso, Chico Buarque,  Jorge Ben Jor, Roberto e Erasmo Carlos e Lupicínio Rodrigues. Com um cenário minimalista, Gal mantém a tensão e o magnetismo em mais de duas horas, trazendo para o centro, apenas sua voz , a guitarra e o violão de Guilherme Monteiro.

Gal Costa está envolvida em clima e atmosfera que convidam o desafio de deixar sua voz a nú. O parceiro Guilherme Monteiro, faz a cama ideal para estabelecer a jornada musical. Os registros acústicos das canções de amor como "Volta" e "Sua Estupidez", alternam com as tropicalistas "Vaca Profana", "Tigresa" e "Tuareg", que pedem uma pegada mais roqueira e o uso da guitarra elétrica. Em ambos momentos, Gal se sai muito bem.

A cantora brinca com as regiões mais agudas de sua voz em "Passarinho", que sai de maneira natural na tropicalista "Baby" e soa poética em "Negro Amor", versão brasileira para uma canção de Bob Dylan.  O mundo parece parar quando Gal, com seu fraseado, concebe música e silêncio na íntimista "Um Favor" e sua voz flui naturalmente quando canta o samba "Meu Bem, Meu Mal".

Fora do repertório, entoa um trecho de "Um Dia de Domingo" e o teatro canta junto. Nesta delicada equação entre seu estilo refinado, sua popularidade, seu espírito contemporâneo e tropicalista,  aparece o encanto desta cantora real e intergalática, nascida na Bahia.

Traduzido do Jornal La Nacion - 27 de maio de 2017

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