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Critica: Show "Lua de Mel" - Gal com diabinhos na voz

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Gal é sempre Gal. Esta afirmativa é imprescindível para quem se avizinhar da cantora baiana. Pois só ela mesma conseguiria transformar o pasteurizado em pérolas de interpretação. Se seu último disco não mostra novidades e traz arranjos repetitivos, seu show “Gal Costa”, que estreou na quinta-feira (28/1) no Scala II, depois de um adiamento e da ameaça de outros em virtude do incêndio que atingiu o andar de baixo da casa de espetáculos, esbanja sonoridade e ousadias vocais. Quase onze horas, quando em off Caetano Veloso puxou a amiga ao palco, afirmando que “no meio do lixo está o diamante”, contra a mesmice e a falta de inteligência. O Scala estava todo escuro e acendeu-se para a entrada de Gal, com os cabelos soltos, vestindo um jeans desbotado e uma mini-blusa de linho azul marinho, abotoada apenas na cintura e com um generoso decote. Ela entrou cantando “Quem Perguntou Por Mim” , de Milton Nascimento e Fernando Brant, que está no penúltimo LP, “Bem bom”, e logo emendou

Disco: "Gal 69" - "É um disco que se compra, se ouve, se guarda".

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Eu assistia, com Glauber Rocha, à exibição de “Terra em Transe”, em Cannes, 1967, quando perguntei a ele quem era a vocalista de determinada sequência. “É a Gracinha”, respondeu ele. E acrescentou: “É uma das maiores cantoras brasileiras”, Bem, se fosse verdade, ninguém sabia disso, pois Gracinha era uma jovem baiana, Maria da Graça. Só algum tempo mais tarde ela veio a se chamar Gal Costa e mostrar que Glauber tinha razão. Maria da Graça, Gracinha, Gal Costa – depois de Maria Bethânia, Caetano, Gil – começou a surgir em São Paulo (antes um LP gravado com Caetano), principalmente no programa de Roberto Carlos. Hoje todo mundo sabe quem é: uma das maiores cantoras brasileiras. Da garota tímida e provinciana, transformou-se na cantora agressiva, de cabelos grandes, uma das personalidades mais marcantes aparecidas nos meios musicais, nos últimos tempos. Mas no fundo, uma menina “de mentalidade mediana (...) não devo nada a ninguém/ pois eu sou feliz, muito feliz/ comigo mesm

Crítica: Show: Gal Tropical: "Seu Nome é Gal"

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Ainda. E agora, depois dos 30, muito melhor. Gal Costa não queria, mas fez 33 anos. Abandonou a rebeldia e o colar de espelho biseauté onde refletiu o rosto dos que a vaiaram em 1968, quando cantava "Divino Maravilhoso" , no festival da Record. Também não se deita mais no palco, simulando êxtase. Por uma última vez, no ano passado, no show "Com a Boca no Mundo" , ainda se apresentou de guitarra em punho e roupa de couro justíssima, como se acabasse de pular da motocicleta transviada de Marlon Brando em "O selvagem". Mas levou um tombo: fora de seu tempo, Gal era apenas uma triste nostálgica dos dias em que, aos gritos, libertou as cantoras brasileiras da rigidez técnica e dos bons modos em cena. Seja pelos 33 anos, seja pela psicanálise diária, a verdade mais evidente do atual show "GAL TROPICAL " (Teatro dos Quatro, Rio de Janeiro) é que a guerrilheira dos anos 60, a proclamar a criatividade e o poder dos jovens, con

Disco: Bem Bom - A grande dama da voz

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  foto: antonio ribeiro Com o ótimo "Bem Bom", Gal Costa reafirma seu talento em retratar o que há de novo na música brasileira.  Com a morte de Elis Regina, Gal Costa tornou-se, nos últimos quatro anos, a cantora numero 1 do país. Ela conquistou esse posto não apenas pela qualidade de sua voz ou das músicas que canta. Seu grande trunfo tem sido traçar, em discos anuais, fiéis retratos das mudanças ocorridas na música brasileira. Do frevo baiano, nos anos 80, ao jovem rock carioca, de Djavan a Marina, todos os movimentos e bons compositores que surgem são ano a ano são incorporados ao seu trabalho. Em "Bem Bom", seu novo LP, que chega às lojas nesta semana, Gal Costa, 40 anos, volta a exibir um painel do que vai pela MPB. Dessa vez, ela conseguiu outra façanha: gravar, num período recessivo da música, seu melhor disco dos anos 80. Em "Bem Bom" , Gal Costa quebra algumas regras que há anos seguia na escolha do seu repertório. A música nor

Mallu Magalhães agradece em texto a Gal Costa por gravação de sua música

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" GAL Será preciso muito mais do que os dias que demorei para escrever sobre o tamanho do presente que ganhei. Ainda lembro e ainda guardo a colagem que fiz da primeira vez que escutei Gal cantar, na entrada da minha adolescência, numa fileira de música brasileira nas lojas de CD. Persegui livros que a mencionassem, tirei cópia, depois recortei e colei. Várias fotos dela: uma pequena bandeira, um retrato da heroína, um brasão com os rostos da rainha. Desde então, sou seu soldado. Seu canto virou hino do povoado que é minha existência. Mas hoje, por dentro, um imenso banho sem precedentes na minha alma e todos seus frutos. Por fora, minha pele se nutriu e meu cansaço curou. Isso sem falar do que ela fez da minha música. Assumo, a partir de hoje, o compromisso de fazer apenas grandes canções, para honrar com o posto de compositora gravada pela Gal. Se ela tinha meu sangue, espada e coração, agora tem também meu sorriso amolecido, mandando cair lágrimas doces e colo

Crítica: Trinca de Ases: Emoção e surpresas dominam primeiro encontro de "Trinca de Ases"

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A guitarra de Gil solta alguns acordes até então inexpressivos. O tempo, entretanto, converte a modéstia do mestre numa força nunca vista antes. Gal, no centro dos holofotes, dispara o canto perfeito e afinado em direção a algo que nem ela mesma sabe definir. Nando dedilha seu violão e esboça um sorriso de contentamento. A felicidade de estar ao lado dos ídolos torna sua música voraz e impactante.  O que se viu na noite desta sexta-feira, 4, no Citibank Hall, na zona sul de São Paulo, foi a melhor combinação já vista ao vivo na história recente da música popular brasileira. O caleidoscópio sonoro de Gil, Gal e Nando encantou o público que lotou o local e viu de perto três ícones da MPB em alto nível. O destaque da performance do Trinca de Ases foi a homenagem ao cantor Luiz Melodia , que morreu nesta sexta, 4, vítima de câncer na medula. "Essa é uma homenagem a Luiz Melodia, que nos deixou hoje. Ele era um cara que eu amava demais. Ensaiamos a música nesta

Pequeno texto de Ronaldo Bastos para o programa do show "Gal In Concert"

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Sou de uma época que Tudo era Gal. Antes de conhecer a pessoa, muito do que é Gal, se filtrava através da luz solar e cristalina que é a voz de Gal; em "Domingo" com Caetano, no primeiro disco solo, palavra por palavra, em Londres com Antonio e Paulo Jobim; Gal no trem azul pelo mundo afora: "Ela já não é mais a minha pequena, que pena, que pena". Os anos 70 não existiriam sem as dunas do barato de Gal. Só quem ouvia a modernidade chegar na cartarse da voz de Gal em "Divino Maravilhoso, viveu. Quem não ouviu "Gal canta Caymmi", não viveu. Hoje em dia entre tantas pessoas que me fazem falta, tenho o privilégio da pessoa bonita, tranquila, gostosa e simples da minha amiga Gal Costa. Ronaldo Bastos - Rio de Janeiro - 1987