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Disco: "Baby Gal" - “Baby Gal” nasceu com a Tropicália

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Em novembro de 1968, os que conseguiram chegar até a porta e entrar, na extinta casa noturna Sucata, para ver Caetano Veloso e Os Mutantes, mal puderam ouvir a declaração de amor de Caetano a Gal Costa, que João Gilberto dizia ser a maior cantora do Brasil. “I love you, Gal Costa/ Baby, baby, baby…” A simples menção de “Baby” e do nome Gal Costa deleitou a plateia, ainda embriagada pelo novo som e imagem propostos pelo tropicalismo. A canção “Baby”, de Caetano, gravada por Gal Costa no LP “Tropicália” (julho de 1968), com arranjo de Rogério Duprat, saiu da Tropicália para entrar na história da música popular como canção hino de toda uma geração. Quinze anos se passaram e “Baby” está de volta recriada por Gal no LP “Baby Gal”. “Não foi a nossa intenção – diz a cantora – comemorar os 15 anos do tropicalismo. Mas já que aconteceu, fico feliz, e posso dizer que “Baby Gal” só foi possível por causa da Tropicália. Por tudo o que o movimento representou para a minha ca

Disco: "Gal Costa 1969" - Gal Costa quase divina, maravilhosa

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Data de 1967 o LP “Domingo”, reunindo Gal Costa e Caetano Veloso, feito à base de composições líricas deste: “Coração Vagabundo” , “Onde Eu Nasci Passa Um Rio” , “Avarandado” , “Um Dia” , etc. Após o domingo vem a segunda-feira, mas em termos de evolução foi como se tivesse havido um salto enorme no calendário musical de ambos. Gal retorna agora com um repertório inteiramente renovado, cuja tônica é o tropicalismo e o iê-iê-iê. Parece-nos ver daqui do alto destas páginas o franzir de quarenta mil narizes respeitáveis ao mero enunciado dessas duas palavras. Calma, senhores: nem tropicalismo nem iê-iê-iê mordem. A verdade é que não há gêneros nem escolas intrinsecamente maus; há obras boas ou más. O LP “Gal Costa” (a imaginação para dar um bom título não parece ser o forte de nossos diretores artísticos) abre esplendidamente com “Não Identificado” , onde Caetano Veloso desenvolve, com inteligência e originalidade, o tema de “uma canção para ela”, chegando a uma imagem que

Disco: "Água Viva" - Cantora escolhe o pior para mostrar que é a melhor

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Texto enviado por Tiago Marques Uma das maneiras mais diabólicas que uma intérprete de música popular usa para mostrar que é uma grande cantora, é gravar de maneira impecável um disco composto praticamente só de músicas alienadas e medíocres. E esse feito maldoso acaba de ser conseguido pela excelente veterana cantora baiana Maria da Graça Costa Pena Burgos, a Gal Costa, em seu recente LP “Água Viva” (Philips 6349 394). Escolhendo a dedo basicamente um repertório de música de cansados ídolos e seguidores da música popular brasileira da era da bossa nova e do baianismo tropicalista, Gal Costa teve o cuidado de incluir – a título de contraste – três trabalhos de compositores, símbolos de real qualidade em outras três diferentes épocas: “Olhos Verdes” , do maestro Vicente Paiva (1908-1964), representante das décadas de 1920 e 1930; “O Bem do Mar” , de Dorival Caymmi (1914), que atingiria o auge nas décadas de 1940 e 1950. e “Folhetim” , de Chico Buarque de Hollanda (1944

Critica: Show "Lua de Mel" - Gal com diabinhos na voz

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Gal é sempre Gal. Esta afirmativa é imprescindível para quem se avizinhar da cantora baiana. Pois só ela mesma conseguiria transformar o pasteurizado em pérolas de interpretação. Se seu último disco não mostra novidades e traz arranjos repetitivos, seu show “Gal Costa”, que estreou na quinta-feira (28/1) no Scala II, depois de um adiamento e da ameaça de outros em virtude do incêndio que atingiu o andar de baixo da casa de espetáculos, esbanja sonoridade e ousadias vocais. Quase onze horas, quando em off Caetano Veloso puxou a amiga ao palco, afirmando que “no meio do lixo está o diamante”, contra a mesmice e a falta de inteligência. O Scala estava todo escuro e acendeu-se para a entrada de Gal, com os cabelos soltos, vestindo um jeans desbotado e uma mini-blusa de linho azul marinho, abotoada apenas na cintura e com um generoso decote. Ela entrou cantando “Quem Perguntou Por Mim” , de Milton Nascimento e Fernando Brant, que está no penúltimo LP, “Bem bom”, e logo emendou

Disco: "Gal 69" - "É um disco que se compra, se ouve, se guarda".

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Eu assistia, com Glauber Rocha, à exibição de “Terra em Transe”, em Cannes, 1967, quando perguntei a ele quem era a vocalista de determinada sequência. “É a Gracinha”, respondeu ele. E acrescentou: “É uma das maiores cantoras brasileiras”, Bem, se fosse verdade, ninguém sabia disso, pois Gracinha era uma jovem baiana, Maria da Graça. Só algum tempo mais tarde ela veio a se chamar Gal Costa e mostrar que Glauber tinha razão. Maria da Graça, Gracinha, Gal Costa – depois de Maria Bethânia, Caetano, Gil – começou a surgir em São Paulo (antes um LP gravado com Caetano), principalmente no programa de Roberto Carlos. Hoje todo mundo sabe quem é: uma das maiores cantoras brasileiras. Da garota tímida e provinciana, transformou-se na cantora agressiva, de cabelos grandes, uma das personalidades mais marcantes aparecidas nos meios musicais, nos últimos tempos. Mas no fundo, uma menina “de mentalidade mediana (...) não devo nada a ninguém/ pois eu sou feliz, muito feliz/ comigo mesm

Crítica: Show: Gal Tropical: "Seu Nome é Gal"

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Ainda. E agora, depois dos 30, muito melhor. Gal Costa não queria, mas fez 33 anos. Abandonou a rebeldia e o colar de espelho biseauté onde refletiu o rosto dos que a vaiaram em 1968, quando cantava "Divino Maravilhoso" , no festival da Record. Também não se deita mais no palco, simulando êxtase. Por uma última vez, no ano passado, no show "Com a Boca no Mundo" , ainda se apresentou de guitarra em punho e roupa de couro justíssima, como se acabasse de pular da motocicleta transviada de Marlon Brando em "O selvagem". Mas levou um tombo: fora de seu tempo, Gal era apenas uma triste nostálgica dos dias em que, aos gritos, libertou as cantoras brasileiras da rigidez técnica e dos bons modos em cena. Seja pelos 33 anos, seja pela psicanálise diária, a verdade mais evidente do atual show "GAL TROPICAL " (Teatro dos Quatro, Rio de Janeiro) é que a guerrilheira dos anos 60, a proclamar a criatividade e o poder dos jovens, con

Disco: Bem Bom - A grande dama da voz

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  foto: antonio ribeiro Com o ótimo "Bem Bom", Gal Costa reafirma seu talento em retratar o que há de novo na música brasileira.  Com a morte de Elis Regina, Gal Costa tornou-se, nos últimos quatro anos, a cantora numero 1 do país. Ela conquistou esse posto não apenas pela qualidade de sua voz ou das músicas que canta. Seu grande trunfo tem sido traçar, em discos anuais, fiéis retratos das mudanças ocorridas na música brasileira. Do frevo baiano, nos anos 80, ao jovem rock carioca, de Djavan a Marina, todos os movimentos e bons compositores que surgem são ano a ano são incorporados ao seu trabalho. Em "Bem Bom", seu novo LP, que chega às lojas nesta semana, Gal Costa, 40 anos, volta a exibir um painel do que vai pela MPB. Dessa vez, ela conseguiu outra façanha: gravar, num período recessivo da música, seu melhor disco dos anos 80. Em "Bem Bom" , Gal Costa quebra algumas regras que há anos seguia na escolha do seu repertório. A música nor