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Disco: Gal grava o 'som de hoje' sem descaracterizar seu canto cristalino

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O tempo de Gal Costa voltou a ser hoje. Depois de quatro CDs sucessivos com regravações de sucessos (alguns irretocáveis como o recente Todas as Coisas e Eu ), a cantora ensaia nova guinada em discografia que já soma 40 anos - seu primeiro compacto é de 1965. Hoje marca a estreia de Gal na gravadora Trama e é um disco fresco, atual, como sugere seu título. Fruto do encontro profissional da artista com o produtor César Camargo Mariano, o CD aposta em compositores que militam à margem do mercado. Mas a delicada sonoridade urdida por Mariano - com alguns elementos afros, sobretudo por conta dos vocais destacados de Silvera em faixas como Santana , do pernambucano Junio Barreto - passa longe da vanguarda. Como sinaliza a pose da capa, Hoje é um disco calmo, quase contemplativo, ora mais melancólico (como em Pra que Cantar? , samba de Nuno Ramos, e como em Luto , o inédito sambossa de Caetano Veloso), ora até bossa-novista (como em Os Dois , em que o baiano Moisés Santana ci

Revista: "A voz de Gal dá calma ao Caos" (Wally Salomão)

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Depoimento ao jornalista Eduardo Logullo "Eu sou totalmente autodidata. A coisa da emissão da voz, da respiração. É claro que já tenho uma emissão espontânea, isso veio comigo do além. Quando eu era criança, minha mãe tinha uma panela enorme, dessas de feijoada, e eu enfiava a cabeça na panela para ouvir meu timbre. Era uma forma de estudar canto. Minha mãe, quando estava grávida de mim, só ouvia violão clássico, Segóvia. Ficava concentrada para influenciar o filho a ser musical. Ela queria que o filho fosse violonista clássico. Todo dia ouvia religiosamente, para aquilo entrar... Sempre fui muito exigente. Na Bahia, havia um programa chamado 'Escada para o Sucesso', na TV Itapoam, onde muitos iam se apresentar. Os amigos, todos, e parentes, pediam para eu ir. Mas eu já sentia que iria chegar aonde eu queria. Não daquela maneira, num programa de calouros. Era uma coisa muito maluca que eu tenho até hoje, uma espécie de premonição, meu lado de art

Disco: Lua de Mel Como o Diabo Gosta

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De costas - e que costas - na capa. De frente para as baladas, com sotaque tecnopop no repertório. cantando o fino: a voz trafegando solta enre a pluma e a lixa, a despeito dos acidentes de percurso comuns às megasestrelas do circuitão pop; algumas sequências óbvias de teclados, certa anemia melódica, letristas nem sempre inspirados. Ainda assim, o novo LP de Gal Costa - " Lua de Mel Como o Diabo Gosta" (RCA)", - tem o irrecusável perfil de campeões de audiência. o penúltimo a entrar na arena natalina, antes apenas do peru da festa, o tradicional LP de Roberto Carlos. O novo de Gal recebeu pedidos de 200 mil cópias e começa a desembarcar nas lojas na próxima terça-feira. No carrossel de fornecedores do LP, o guitarrista Lulu Santos fica com a parte do leão. De uma de suas três músicas incluidas no disco, aliás, vem a frase do título, o sestroso rocklero (casamento de bolero e balada rock) " Lua de Mel " , umedecido pela guitarra havaiana do especia

Crítica: Todas As Coisas e Eu: Belos boleros

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Uma das maiores intérpretes da MPB, Gal Costa passou os últimos anos gravando discos no piloto automático. " Todas A s Coisas e Eu ", o seu novo lançamento, a repõe no pedestal. Traz músicas compostas entre as décadas de 20 e 50, que receberam belo tratamento do maestro Eduardo Souto Neto. Gal, que sempre mostrou familiaridade com o repertório de boleros e canções tristonhas (vide sua exemplar gravação de " Alguém me Disse ", de Anísio Silva, que registrou na década de 90), faz a festa. As versões dela para " Nervos de Aço ", de Lupícinio Rodrigues, e de " Fim de Caso ", de Dolores Duran, são de cortar os pulsos de tanta melancolia. Revista Veja "Veja Recomenda" - 19 de novembro de 2003

Crítica: Em "Hoje" intérprete mostra folêgo e coragem

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"Hoje" não é redenção milagrosa de Gal, como cogitavam fãs descontentes e críticos contentes com o desgoverno recente de sua carreira, e muito menos um desastre. É um bom disco, cujo mérito maior é o renascimento da coragem da cantora. Gal Costa rejeitou o modelo embalsamador de diva, que ameaçava incorporar, e voltou às novas composições. O resultado de suas colheita é irregular, mas os bons frutos são maioria. Um deles é a faixa título, canção de Moreno Veloso que tem sua força na extrema delicadeza de melodia e letra. N a mesma chave está "nada a Ver" (Hilton Raw, Lenora de Barros e Marcos Augusto), em que a melancolia das notas longas se traduz no piano e no baixo acústico que acompanham Gal. César Camargo Mariano volta a brilhar no piano e  no arranjo de "Pra Que Cantar", um belo samba de fossa anti-carnaval ("Me deixem de fora dessa euforia de três dias") de Nuno Ramos. O artista plástico também é um dos autores de " J

Em sua estreia na Trama, Gal grava compositores pouco conhecidos

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  Foto: Marlene Bergamo Gal faz garimpo musical e lança álbum de inéditas Por Luiz Fernando Viana* Depois de sete anos lançando discos com repertório isentos de novidades, Gal Costa volta ao  presente com "Hoje". O título significativo foi retirado de uma canção de Moreno Veloso, que, não fosse filho de Caetano Veloso, poderia entrar no rol de compositores pouco ou nada conhecidos do CD. "Achei que "Hoje" se adequava, porque estou fazendo 60 anos com um disco rejuvenescedor, instigante. Não me lembro na história da MPB, de alguém que tenha lançado tanta gente nova para o grande público", orgulha-se a cantora. Gal passou os últimos anos trocando de gravadora (BMG,MZA,Abril,Indie) e sendo cobrada para lançar um disco de inéditas. Agora na Trama e morando em São Paulo - depois de sete anos em Salvador - ela diz ter ficado mais próxima dos novos autores. "É preciso ter disponibilidade para ir a lugares, procurar. Os compositores estão es

Texto de Caetano Veloso - Flor do Cerrado - 1982

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Quando conheci Gal (através de Dedé), em 1964, disse a ela que a considerava a maior cantora do Brasil. Nunca mudei de opinião, embora tenha deixado de pensar em quem é a maior. O que importa é que Gal porta o espírito do som. Não se trata de afinação precisa (Jane Duboc), nem do domínio musical (Elis Regina), nem de potência expressiva (Maria Behânia); quando se trata de Gal Costa, o assunto e qualidade musical da qualidade do som. Tal pessoa assim, misteriosamente abençoada teria de fazer presença marcante e até mesmo escandalosa no ambiente que por destino a acolhesse. assim é, que no Brasil, Gal virou sinônimo de modernidade, apelido de acidente geográfico, repositório de esperanças, belo demônio ameaçador. "As Dunas do Barato" eram da Gal, a coragem sensual, a embriagues, a expectativa de uma liderança, a essência da grandeza de Gal. Tudo isso, para mim, foram apenas modos mais ou menos desajeitados de as pessoas (e, por vezes, ela própria) entrarem na grandeza da