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Mostrando postagens com o rótulo Crítica

Disco: Aquele Frevo Axé - O melhor da cantora desde "Plural", de 1990

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"Aquele Frevo Axé" coloca de novo Gal Costa na linha de mira até dos fãs que se desinteressaram por seus últimos discos. Desde "Plural", de 1990, a cantora não fazia um trabalho que provocasse muito alvoroço por falta de novidades. "Gal" trazia o repertório do show "Plural" que não estava no disco anterior. "O Sorriso do Gato de Alice" reunia canções de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor e Djavan, que sempre povoaram seus discos. "Mina D'Água do Meu Canto" se dividia entre Caetano e Chico Buarque, compositores que ela gravou a vida toda. "Acústico" era uma retrospectiva de sua carreira, no formado que sempre a caracterizou. Não que ela tenha abandonado seus prediletos (e Celso Fonseca é um deles), mas a mudança de produtor fez bem a cantora. Entre erros e acertos, ela trabalhou nos últimos discos com Wally Salomão e Léo Gandelman, Arto Lidsay, Jaques Morelembaum e duas vezes com Mazzol

Disco: Mina d"água do Meu Canto: Gal busca frescor com Chico e Caetano

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"Mina D'água do Meu Canto" , nome do novo disco de Gal Costa não é apenas verso da única inédita, o belo "Como Um Samba de Adeus" , homenagem a Tom Jobim feita Por Caetano Veloso (música) e Chico Buarque (letra), que assinam todas as canções do álbum. A capa aquosa ajuda a reforçar o conceito do CD de 17 faixas onde a cantora procura uma purificação. "Queria trazer a tona o frescor do canto, zerar a técnica e os vícios, buscar aquela Maria da Graça, admiradora de João Gilberto", prega a ex-Gracinha do início de carreira. Ela se reconhece logo nesse espelho que não é Narciso nas buarquenas " Morena dos Olhos d"água" e "Desalento" . E por conta do compromisso, alterna no roteiro audácias e convenções. Sublinha o lado clássico da obra de Chico ( A Rita, Quem Te Viu Quem Te Vê, as Vitrines ) e as várias faces de Caetano. Do vanguardista de "Pelos Olhos" com clarineta e trompa ao fadista nordestino de "O Ciú

Disco: Bem Bom: Dotes múltiplos de Gal

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A tecnopopcracia embaralhou de vez as cartas dos grandes ases. Não há mais ídolo de massa imune à contaminação do sucesso premeditado. A expectativa do sucesso condiciona o repertório, a imagem e até o batom. A supercampeã Gal Costa , no entanto, graças a multiplicidade de seus dotes, mostrou ser possível inverter os signos do consumo maciço. Seu LP "Profana" , do ano passado, vendeu toneladas a partir de um rock-balada bem jovem guarda ("Chuva de Prata") e uma versão, ainda que do repertório de Stevie Wonder ("Nada Mais/Lately). Traços redutores para uma artista do seu porte, que Gal conseguiu maximizar. No LP desse ano, o segmento nordestino foi banido em troca de mais espaço para o rock, que em variados matizes, arrepia três e meia das onze faixas. ( "Todo Amor Que Houver Nessa Vida" , de Cazuza e Frejat, é levado meio tempo em bolero, meio em rock). As baladas e boleros, às vezes em composição mista, ocuparam quase todo o restante do di

Disco: Bem Bom: Abram alas pra Cantora

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Como vocês devem saber, a imprensa recebe discos de gravadoras antes que todo mundo, antes mesmo das lojas. Por isso, tenho lido uma batelada de comentários publicados em jornais sobre o novo disco de Gal Costa . E reparei que quase todas abordavam em detalhes os autores, música por música, as letras (reproduzindo trechos, nesse procedimento tão discutível, por permitir a indução de uma errônea interpretação de uma canção), das orquestrações, as fases ou o posicionamento de cada compositor (ninguém ganhou duas músicas no LP) - enfim, uma esmiuçada análise do que foi escolhido pela Gal e seus produtores, mas como se fosse um disco de um compositor. Muito pouco se falou sobre o principal, a performance da mais admirável cantora do Brasil dos tempos atuais. E não só a performance: o seu sentido de não enquadrar o repertório em função de sucessos anteriores, para colher brilhos enganosos, numa atitude oposta às Simones da vida, para quem cada faixa de um LP é como uma posição de j

Disco: Plural: Gal volta ao topo em seu novo LP

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Marisas aos montes não chegam ao calcanhoto de Gal Costa. A cantora baiana de 44 anos prova que ainda é a melhor em "Plural", 21º LP solo em 23 anos de carreira, que chega às lojas na segunda-feira. Gal recobra o timbre agridoce dos anos 70, liberta-se da produção de estúdio indigente  dos "rambositores" Michael Sullivan & Paulo Massadas e apresenta um repertório renovado. Segue a lição do violento ecletismo deixada pelo LP de Marisa Monte, mas sem cair na tentação do expressionismo fácil da colega. Gal opta pela discrição reflexiva, pela descoberta da diferença na estrutura profunda das canções. Pela primeira vez, canta músicas da música afro-baiana contemporânea, gravando músicas dos blocos Muzemza e Olodum. Prova, sem a afetação típica dos intérpretes brasileiros de "standarts" norte americanos, o íntimo parentesco da bossa nova de Tom Jobim com a canção americana de Cole Porter e Rodgers & Hart. Dá elegância a uma lambada  - "

Crítica: Plural ao Vivo

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A vida é curta e depois a gente morre, e raras são as vezes que se tem o privilégio de estar no lugar no lugar certo, na hora certa. Esta noite o lugar é o Palace, e a hora, pouco depois das dez da noite, quando dez/doze integrantes do Olodum entram no palco, comandados por seu regente, Neguinho do Samba, para sua "Saudação" . Já no saguão/bar da entrada, dá pra sentir uma cera carga eletromagnética no ar. A maioria chega com os olhos brilhando, como se soubesse que iria presenciar Um Grande Evento. Saudades acumuladas: há dois anos a cantora não pisava num palco, há seis não se apresentava em São Paulo e há dez, onze, seguia uma rotina sob encomenda para FMs de gosto duvidoso. por mais felizes e sorridentes, nenhum dos privilegiados presentes pode prever o renascimento das cinzas que estamos para assistir. A Gal que entra em cena não é a do "Lua de Mel Como o Diabo Gosta" , nem de "Festa do Interior" , nem de Sullivan e Massadas. É a musa mi

Disco: Gal: No tabuleiro da baiana

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Demorou para acontecer, mas a espera valeu a pena. Depois de mais de uma década de produções insípidas ou açucaradas, a baiana Gal Costa, 47 anos, acaba de lançar um disco que traz de volta a intérprete apaixonada que entusiasmou tantos fãs na década de 6 0 . No LP "Gal" , recém-chegado às lojas de todo o País, ela exibe o seu brilho e versatilidade. A cantora mostra uma forma arrebatadora, como não se via desde "Água Viva" , de 1978. "Nos anos 80, a Gal passou a ter um repertório cheio de concessões, composto por baladinhas. A sua carreira apresentava tendências conformistas", afirma o poeta Wally Salomão, amigo de Gal Costa. A própria cantora reconhece que vários trabalhos desse período ficaram abaixo do seu talento. "Talvez eu tenha gravado músicas com arranjos pasteurizados demais, com muitos instrumentos acompanhando minha voz, o que eliminou a força da intérprete", diz ela. Gal Costa não admite que chegou a cantar músicas da dupla Sul

Disco: Lua de Mel: Gal Costa mantém a sua imagem de dama da canção

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As rivalidades não tem nem Graça: ela é a voz do Brasil. Gal C osta chegou a um ponto máximo na música popular, tornou-se uma espécie de instituição, que a cada disco - melhor ou pior - apenas confirma seu lugar. O lugar é de "dama" da canção, ou qualquer coisa do gênero, que sirva pra designar a posição de uma artista entronada, estabelecida a tal ponto que dela não se espera mais invenção e turbulência, apenas maestria e manutenção de uma media de qualidade. U m lugar, certamente, careta, com todos os significados sinuosos que Caetano Veloso à palavra em "Vaca Profana", gravada por Gal em outro LP - o que quer dizer que pode ser uma coisa careta dizer que o disco é careta, já que esse é seu suposto. Não acredito que alguém ainda espere de Gal Costa a reedição de suas performances dos anos 60/70. mesmos os mais renitentes nostálgicos já perderam as esperanças fa-tais. a imagem da rebeldia e sensualidade de quinze, vinte anos atrás, é apenas uma satisfa

Disco: O Sorriso do Gato de Alice: A baiana traça o que vier

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                                                                Foto: Carlos Hungria Gal Costa, a ousada: timbres inesperados e improvisos sem palavras "Gal Costa é o tipo da diva que não teme cair do pedestal. Seu novo disco o 20º, arrisca a partir do título de refinado humor "O Sorriso do Gato de Alice" . representado na capa pelo solitário close da boca da cantora. O verso foi extraído de "Errática" , uma homenagem de Caetano Veloso , seu parceiro vocal no LP de estreia "Domingo", de 1967. Caetano é um dos quatro medalhões que fornecem repertório de inéditas do novo disco, ao lado de Jorge Ben Jor , Djavan e Gilberto Gil . Tratado com padrões acústicos, na contramão da ditadura tecnológicas das FMs, o disco ainda conta com uma  luxuosa intervenção de Paulinho da Viola. "Minha admiração por Gal ultrapassa qualquer esforço no sentido de definir sua arte e seu encanto", elogia o sambista no encarte. "Gal e eu temos uma

Disco: Gal grava o 'som de hoje' sem descaracterizar seu canto cristalino

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O tempo de Gal Costa voltou a ser hoje. Depois de quatro CDs sucessivos com regravações de sucessos (alguns irretocáveis como o recente Todas as Coisas e Eu ), a cantora ensaia nova guinada em discografia que já soma 40 anos - seu primeiro compacto é de 1965. Hoje marca a estreia de Gal na gravadora Trama e é um disco fresco, atual, como sugere seu título. Fruto do encontro profissional da artista com o produtor César Camargo Mariano, o CD aposta em compositores que militam à margem do mercado. Mas a delicada sonoridade urdida por Mariano - com alguns elementos afros, sobretudo por conta dos vocais destacados de Silvera em faixas como Santana , do pernambucano Junio Barreto - passa longe da vanguarda. Como sinaliza a pose da capa, Hoje é um disco calmo, quase contemplativo, ora mais melancólico (como em Pra que Cantar? , samba de Nuno Ramos, e como em Luto , o inédito sambossa de Caetano Veloso), ora até bossa-novista (como em Os Dois , em que o baiano Moisés Santana ci